terça-feira, 15 de março de 2011

Jorge Era Detetive

Jorge era detetive. Detetive particular, não detetive americano. Detetive americano tem carrão, mete bala em todo mundo e no final ainda fica com a mocinha. Detetive particular anda de ônibus, foge do marido infiel da contratante e no final pega no máximo um pastel, fiado é claro.
Há muito tempo atrás Jorge teve uma secretária, Margot, que apesar de não ser muito inteligente também não era nada bonita. Jorge demorou seis meses para perceber que sem clientes, os serviços da jovem não eram necessários. Jorge deve quatro meses de salários para a moça. Quatro meses e quinze reais, que pegou emprestado com a funcionária para saldar uma antiga dívida com o sapateiro, que inúmeras vezes colou a sola de seu sapato preto de bico fino, e quem já ficou devendo a um sapatateiro sabe que não se deve dever a um sapateiro. Um sapateiro é capaz de qualquer coisa...
Jorge era detetive. Não era nenhum Sherlock é claro, mas também nunca deixou de resolver um caso sequer, até porque, era necessário antes de mais nada, ser contratado para o caso. E Jorge nunca foi. Alguns grandes detetives fazem cursos e mais cursos, outros porém tem o talento nato para investigação. Jorge era diferente, tinha sensibilidade, sentia que o cobrador vinha chegando com a conta do aluguel e se escondia. Não se escondia por medo, mas sim por profissionalismo. Passar despercebido é parte importantíssima do trabalho de um detetive. Jorge era detetive.

Um comentário:

Joana disse...

Olá, boa noite!
Muito bacana esse texto!
Vcs estão de parabéns pelo blog!
Abs,
Joana